quarta-feira, 24 de abril de 2013

Professores criam jogo que ajuda médico a tratar pacientes diabéticos

'InsuOnline' reproduz quadro clínico dos doentes que precisam de insulina.
Criadores acreditam que é preciso inovar a capacitação dos médicos.

InsuOnline é voltado, principalmente, para médicos das unidades básicas de saúde (Foto: Reprodução/ InsuOnline) 
"InsuOnline" é voltado principalmente para médicos das unidades básicas de saúde (Foto: Reprodução/ InsuOnline)
O endocrinologista Leandro Arthur Diehl e mais três médicos paranaenses desenvolveram um jogo de computador para aprimorar a habilidade dos profissionais que precisam prescrever insulina para pacientes diabéticos. O “InsuOnline” reproduz um atendimento em uma unidade básica de saúde. O médico precisa fazer perguntas para o paciente e analisar exames para, então, prescrever a dose correta e o horário de aplicação da insulina.

O game é dividido em fases. “Cada fase é um paciente e a obrigação dele [médico] é atender corretamente. Quanto mais avança, mais complicado. Um dia ele resolve prescrever uma injeção por dia, depois precisa de duas aplicações. O tratamento vai ficando mais complexo, precisando de mais ajustes. Nossa ideia é ter uma situação mais próxima da realidade possível”, explicou Diehl.

Durante o jogo, o médico precisa fazer perguntas para os pacientes e solicitar exames para chegar a um diagnóstico. O endocrinologista citou que a diabetes já pode ser considerada uma epidemia. Segundo ele, são 370 milhões de diabéticos no mundo e 12 milhões no Brasil.

A nutricionista Bruna Rauen Cerqueira, de 29 anos, faz parte destes 12 milhões mencionados por Diehl. Ela descobriu a doença quando tinha 11 anos, graças ao olhar atento do tio, que é pediatra. “Em uma festa de família, até foi em um jogo da Copa de 1994, ele viu que eu apresentava os sintomas. Eu ia muito ao banheiro, sentia muita fome, muita sede, perdendo peso, e ele pediu para eu fazer alguns exames”, contou.

A notícia repercutiu diretamente na vida da então pré-adolescente, que precisou controlar a alimentação, principalmente a quantidade de açúcar ingerida. “Eu não podia comer doce nem nada. Isso, no começo, foi bem difícil porque eu era criança e estava no colégio”, lembrou a nutricionista.

Hoje, com aplicações diárias de insulina, Bruna pode ceder um pouco à tentação dos doces e ser mais flexível na dieta. Ela usa dois tipos de insulina. Uma que ela chama de  basal, com duas doses diárias, e outra que é aplicada conforme a alimentação. “Eu faço a minha glicemia e vejo quanto está. Conforme estiver a minha glicemia, eu tenho que tomar mais ou menos insulina e dependendo do carboidrato que eu vou consumir naquela refeição eu tenho que consumir mais ou menos insulina também”, explicou.

Durante a gestação, Bruna Cerqueira teve que diminuir e aumentar a quantidade de insulina (Foto: Arquivo pessoal) 
Durante a gestação, Bruna Cerqueira teve que
diminuir e aumentar a quantidade de insulina
(Foto: Arquivo pessoal)
Bruna aprendeu a aplicar a injeção de insulina quando tinha 15 anos. “Eu aprendi a aplicar para a viagem de formatura com o colégio. De lá para cá sempre eu que aplico”, disse. Desde que soube da doença, a nutricionista vai ao mesmo médico, que é um endocrinologista. Ela conta que, ano a ano, a quantidade de insulina aumenta um pouco e que o cuidado com a prescrição foi ainda maior quando ficou grávida. “Na gestação alterou bastante. Eu tive que ter um contato direto com o meu médico porque, no começo, eu tive que diminuir a quantidade e, no final, aumentar. Quase dobrou a quantidade de insulina”.
Para Diehl, que também é professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), nem sempre o acompanhamento do diabético deve passar por um endocrinologista. Inclusive, este foi um dos pontos que o motivou para o devenvolvimento do game. Segundo ele, existe uma deficiência na formação dos médicos quanto ao tratamento da diabetes. “Eu vejo que muitos clínicos gerais encaminham o paciente para o endocrinologista para coisas simples em relação à insulina. Na faculdade, ainda se passa a visão errada de tratamento pelo endocrinologista. Não é mais. A educação que a gente dá hoje para o clínico geral ou para o aluno de medicina não está sendo suficiente. É fundamental uma forma de ensino diferente para complementar”, explicou Diehl.

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